segunda-feira, 7 de janeiro de 2013


Balanço de 2012 | Análise e perspectiva
Evidente mesmo é a necessidade de manter-se atento à eficiência na gestão.

Fazer balanço sobre o desempenho empresarial em 2012 é exercício complexo que precisa levar em consideração fatores distintos e nuances de cada setor, para não se chegar a conclusões distorcidas. Não há uma realidade homogênea. Cada agente econômico vem sentindo de forma diferente os impactos decorrentes da crise internacional, as medidas governamentais, a oscilação do mercado consumidor e a concorrência. Sendo assim, o desempenho individual depende muito do nível de modernização tecnológica e da versatilidade do empresariado para se adaptar às circunstâncias, superar barreiras e aproveitar as oportunidades que surgem.
O momento também não permite visão segura sobre o que está por vir em 2013. Se fosse possível sintetizar, poderia se dizer que 2012 finda com PIB a um terço do esperado (caiu de 4,5% para 1,5%), o que revela o baixo desempenho econômico do país. Mas parece ter superado o risco de crise profunda, como a iniciada em 2008 nos países ricos. Há, portanto, fatores para otimismo, devido ao potencial do mercado interno, como motivos de sobra para apreensão e ceticismo, principalmente na indústria de transformação, que foi fortemente abalada pelas importações e pela baixa competitividade de seu parque fabril.
O ambiente para pequenas e médias empresas, de serviço e comércio, principalmente, está favorável, mas não está nada fácil. Devido aos custos operacionais elevados, o retorno da inflação, à falta de mão de obra e um mercado oscilante, a gestão precisa ser eficaz, sob o risco de insucesso. Isso significa que os empresários não devem se iludir com ganho fácil. Precisam se preparar para pedreira, onde somente os mais capazes sobreviverão. Nada diferente do que sempre aconteceu no país, só que com um elemento novo: o fator competitividade tem ganhado espaço na pauta dos executivos e essa questão precisa ter prioridade máxima.
Se por um lado houve crescimento imenso do mercado interno na última década, com a entrada de mais de 40 milhões de brasileiros na base de consumidores ativos de padrão classe C, o que ampliou sobremaneira a demanda por produtos de primeira necessidade, como alimentos e vestuários, bem como serviços de saúde e beleza, essa mudança de base social tornou-se responsável também pela atração de investimentos externos pesados. Ou seja, as empresas globais, que perderam mercado na Europa e EUA, estão de olho na América Latina e apostam suas fichas em países como o Brasil, investindo nos setores de serviços e comércio.
Com isso, por aquisições, fusões e incorporações, a convivência entre empresas estrangeiras e nacionais será cada vez mais estreita, o que pode representar ganhos para ambos. No plano macro, o movimento é positivo, mas para as pequenas e médias empresas, que terão de conviver com gigantes acostumadas com a concorrência pesada, o exercício torna-se bem mais ardiloso, um desafio ao talento e à criatividade. Certamente será um drama para quem se acomodar em velhos conceitos de gestão.
A informação avessa ao otimismo coloca dúvidas sobre quem está se beneficiando de fato com essa dinâmica, já que o PIB despencou e não tende ser expressivo no ano que entra. Ou seja, como pode um mercado aquecido gerar um crescimento tão pequeno? A contradição se explica exatamente pelo fato de o consumo interno estar sendo suprido em grande parte por produtos importados, em detrimento da produção nacional. Esse cenário vem revelando distorções assustadoras, como a alta da inflação, sinal de desequilíbrio entre oferta e procura, um ingrediente péssimo ao consumidor de baixa renda no médio prazo.
A indústria em crise
Este foi um ano de amargar para a indústria de transformação. O governo tomou medidas para tentar reverter a situação, com abertura de linhas de crédito especiais para investimentos em logística, derrubou os juros bancários, reduziu tributos, como o IPI, no caso do setor automotivo e da linha branca, e incentivou a inovação. Sacou até o velho e desastroso protecionismo para conter a escalada dos importados. Mas a escassez da demanda no mercado externo, somado ao já perceptível endividamento das famílias e do empresariado, não colaboram para a reação, o que deve manter o ambiente instável. Reforçando os fatores impeditivos, há ainda o incansável Custo Brasil, que não foi sequer tocado em sua essência nos últimos dez anos, alimentando o ambiente de negócio com o que há de mais nocivo para o desenvolvimento econômico: burocracia, insegurança jurídica, falta de mão de obra, gargalos e mais gargalos.
Conclui-se que não há uma resposta segura sobre o futuro, uma vez que o setor produtivo continua enfraquecido e entrará 2013 com sérias debilidades. Na ponta do consumo, os especialistas afirmam categoricamente que seu potencial é muito baixo para sustentar o crescimento do PIB, o que deve alimentar um cenário econômico medíocre, mas com o varejo em alta tanto para produtos como para serviços. Por outro lado, há a esperança de que a economia internacional comece a se recuperar lentamente, como vem sendo sentido nos EUA, o que provocaria uma nova mudança no comportamento global.
Entre os prós e contras, evidente mesmo é a necessidade de o empresariado manter-se fiel à eficiência na gestão, com apoio da Tecnologia da Informação (TI) e de conceitos atualizados sobre relacionamento interno de equipe e com o consumidor final. O ajuste fino será o único caminho para garantir a perpetuação dos negócios, independente do ritmo da onda nesse mar de incertezas. Vale acreditar que tudo faz parte de um ciclo, que se encontra em seu ponto de entropia, mas que com o tempo tende a se abrir expansivamente para os mais habilidosos e obstinados.

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